segunda-feira, 29 de março de 2010

Armando Nogueira

Para homenagear Armando Nogueira, reproduzo um singelo texto que escrevi para o blog do jornalista Sergio Couto.

Armando Nogueira – Bola na Rede (1973)

Uma seleção de crônicas de Armando Nogueira, com a organização, estudo e notas do Profº Ivan Cavalcanti Proença. O cronista nascido em 1927 na cidade de Xapuri no Acre, iniciou sua carreira jornalística como redator do Diário Carioca e assinando a coluna Bola Prá Frente, com o pseudônimo de Arno, posteriormente trabalhou na revistas Manchete e O Cruzeiro, Jornal do Brasil e Rede Globo.
Dividido por temáticas, o livro aborda assuntos como os Craques, O Lírico/ O Social/ O Efabulativo, Humor e Bola, Sofredores, Heroicidade e Crônicas de Circunstância, com cada uma subdividindo-se em etapas. Em Craques, histórias e casos de jogadores com Heleno, Zizinho, Nilton Santos, Gérson, Pelé e Garrincha, são lembrados e suas jogadas enaltecidas. Sobre Pelé e com todo o esplendor que as palavras permitem, o autor afirma, “É tão perfeito no criar como no fazer o gol, no drible, no passe, no chute, na cabeçada. Seja em que circunstância for, Pelé mantém com a bola uma relação de coexistência absolutamente íntima, terna, cordial; por isso é capaz de estar ao mesmo tempo, na concepção e na realização de uma jogada”. As Copas que viu como profissional até então (a 1ª edição do livro foi publicada em 1973), da Suíça – 1954, Suécia – 1958, Chile – 1962, Inglaterra – 1966 e México – 1970. Passagens de times que o encantaram fora do eixo Rio-São Paulo, como o Cruzeiro de Tostão e Dirceu Lopes, onde ele rasga elogios e faz um alerta, “Estou certo de que os mineiros…estão documentando em filme a carreira brilhante e histórica do time do Cruzeiro. Façam isso, sim, senão amanhã ou depois, a gente vai contar a quem não pôde ver e é capaz de passar por mentiroso”.
Na temática dos Sofredores ele narra à saga de juízes, técnicos e torcedores, que mesmo fora do campo, são essenciais ao esporte, em uma dessas, Nogueira conta uma história que ouviu em uma roda em Porto Alegre, de um cochicho, que é sinônimo de suborno, no clássico Bagé e Guarani. O goleiro do Bagé foi conversado a facilitar as coisas em troca de um bom dinheiro, depois do segundo gol que levou devido a uma “falha” sua e novamente anulado por impedimento pelo juiz, o goleiro puxou o juiz até a linha de fundo e disse:
- Escuta aqui, eu sou uruguaio, o senhor também, por isso eu posso falar francamente, o senhor está me prejudicando. Afinal de contas, quem é que está no cochicho aqui, sou eu ou é o senhor?
- Que eu saiba, eu. Respondeu o juiz.
E não teve jeito, o Bagé venceu por 1×0, gol de pênalti no finalzinho.
Essa e outros folclores do futebol estão presentes neste livro, que infelizmente está sem nenhuma reedição à vista, podendo ser comprada apenas em sebos, mas vale a leitura.

Dados bibliográficos: Nogueira, Armando. Bola na rede. 2. ed. Rio de Janeiro : J. Olympio, 1974. 191 p.

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